6. ene., 2017

Aquele restaurante no bairro alto

 

Há quem viva para comer, e quem coma para viver... Não vou dizer que estou nos segundos se bem que muitas vezes é o que faço. Como todas as pessoas às vezes não tenho tempo ou paciência para cozinhar ou sequer colocar a comida no prato e aquecer no micro-ondas. Por vezes nesses dias dependendo do estado de espirito ou da companhia, se a carteira e o tempo permite vou a algum restaurante. Não tenho preconceitos em ir a uma tasquinha se se proporcionar ou a um restaurante mais luxuoso. Numa visita que fiz recentemente a Lisboa, passei por alguns dos restaurantes da moda, onde evidentemente não se conseguia mesa sem uma reserva, e acabei no Bairro Alto. Deambulei pelas ruas à procura de um restaurante onde pudesse jantar. Passei pelo "Cabaça" e mais uma vez não entrei. Como sempre das últimas vezes que passo à porta é preciso esperar pacientemente para conseguir uma mesa nesta antiga casa de pasto. Vi outro pequeno restaurante em que estive na última visita, e gostei também da comida, mas continuei a andar e sem saber como acabei à porta do Alfaia onde não entrava há perto de catorze anos. Deste pequeno restaurante tenho boas recordações. Jantares com amigos, festas de aniversário e boa cozinha! Uma imagem que manterei é a do empregado de mesa a limpar o peixe de espinhas antes de servir o prato. A forma como conseguia limpar o peixe e finalmente colocar no meu prato respeitando a forma do mesmo sem o desmanchar. Eu observava fascinado atento aos mais pormenores tendo-me apercebido que colocara um dos lombos do peixe do lado errado do prato. Aí tentando ser discreto continuei a observar enquanto ele tentava compor o lapso sem tocar já naquele lombo. Não tenho presente neste momento como o fez, mas dava para perceber o nervosismo e apesar disso conseguiu! Ora depois de tanto tempo estar por mero acaso à porta deste restaurante e não tentar entrar seria imperdoável. Desta vez a sorte acompanhava-me uma vez que mesmo sem reserva me foi prontamente indicada uma mesa. Acho que uma das duas que restavam. A decoração continuava igual. Dispõe de três salas de jantar decoradas em tons de creme e madeiras e uns apliques de ferro e vidro soprado muito interessantes, que se assemelhavam a cachos de uvas. Recortes de revistas e jornais sobre o restaurante, e uma enorme placa de mármore de finais do século dezanove que dá fé da longevidade desta casa de pasto. Quanto ao serviço, não me surpreendeu! Porque era o que esperava. Empregados atentos que surgiam quando tinham que voltar a servir o vinho ou outra bebida, ou entre prato e prato. O tempo de espera pela refeição passou rapidamente enquanto me deliciava com as entradas e a comida em si mais uma vez excelente. Uma ementa que aposta e muito bem na cozinha tradicional portuguesa. Um local acolhedor onde vale a pena voltar!